quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Fim de ano deve ser tranquilo nos aeroportos, segundo ministro da Defesa Nelson Jobim


O verão somente tem início no dia 21 de dezembro. Mas para o turismo, em uma cidade como Salvador, a alta estação já começou. Porém, quem planejou viajar nesse período teme não chegar no local programado a tempo. Tudo isso devido à decadência em um setor essencial para a movimentação do turismo: o de transportes aéreos. Nesta terça-feira (20), o ministro da Defesa, Nelson Jobim, informou que o fim do ano deve tranquilo, devido à implementação de um plano emergencial para conter os problemas nos aeroportos brasileiros. O plano, segundo Jobim, será implementado até o dia 15 de dezembro. O ministro afirmou ainda que vai discutir a atuação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) como fiscalizador do setor aéreo. Há a intenção, inclusive, de habilitar o órgão para fiscalizar a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), que mantém a gestão dos aeroportos.
A crise aérea se mantém com picos e tréguas causando sérios prejuízos às companhias aéreas e, principalmente, aos milhares de passageiros que dependem desse meio de transporte. Os freqüentes atrasos e cancelamentos dos vôos decorrentes do “apagão aéreo” fizeram com que o brasileiro perdesse a confiança no meio que transporta no mundo cerca de um bilhão de pessoas por ano, segundo levantamento realizado pela Organização Mundial do Turismo em 2005.
Para o fim do ano de 2007, a expectativas não são boas. As vendas continuam em ritmo de baixa estação e as companhias brasileiras readaptaram suas malhas aéreas para evitar maiores prejuízos. A recente “quebra” da BRA, uma das quatro principais companhias aéreas do Brasil, se somou de forma intensa a essa crise. A empresa passou por dificuldades financeiras e impasses administrativos que resultaram na interrupção das suas atividades por tempo indeterminado. Além de quase 70 mil passageiros prejudicados que já haviam comprado bilhetes na companhia, o brasileiro perde, ainda que temporariamente, uma significativa opção para voar. Apesar da suspensão dos vôos ter sido informada oficialmente, os funcionários da BRA ou terceirizados ainda trabalham sem saber o que vem pela frente. “Estamos trabalhando sem salário, sem informações e sem perspectivas”, informa um funcionário de uma empresa do grupo que preferiu não se identificar.
O economista Jefferson Carvalho teme outras conseqüências. “O ‘apagão aéreo’ se torna um gargalo para o próprio PAC (Programa de Aceleração de Crescimento). Como pode um país crescer sem ter uma malha aérea suficiente? Milhares de negócios deixam de ser fechados por hesitação dos empresários ou impossibilidade de viajar mesmo”, explica. “Além disso, há o impacto do já conhecido do povo brasileiro: o desemprego. As empresas do ramo ou indiretamente ligadas reduzem o quadro e não contratam mais por não poder investir na empresa o quanto poderia”, completa.
Com toda a situação desordenada da aviação brasileira, quem se arrisca, sabe que a probabilidade de ter problemas é grande. “Estou aqui porque meu compromisso é importantíssimo e sou muito teimoso”, brinca o assessor de imprensa Ubiratan Barros. “Por incrível que pareça, meu vôo está no horário”, revela surpreso. Até quem não tem a sorte de embarcar no horário, se tranqüiliza “Meu vôo para Cuiabá está com atraso de duas horas. Já me acostumei, pois viajo sempre. Duas horas de atraso não é nada”, minimiza a esteticista Tiana Nogueira que, com certeza, se junta à torcida pelo fim da maior crise da história do setor.

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