sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Lixo vira casa


Uma idéia complexa e muita vontade de mudar o mundo. Só isso que o ambientalista Sérgio Prado precisou para dar sua contribuição ao futuro do planeta. Ao observar que 25 % do lixo mundial e 70 % da poluição oceânica são constituídos por plástico, ele desenvolveu um projeto que pode transformar qualquer tipo de plástico em matéria-prima do tijolo. Como se não bastasse, o projeto possibilita que das paredes ou do teto da residência construída do plástico brotem plantas contribuindo com a estrutura e oferecendo alimentos aos moradores.
Uma casa ecológica pode ser construída por apenas R$ 5 mil – ¼ do valor de uma casa convencional nas mesmas dimensões – e durar 10 vezes mais do que a casa construída por cimento, areia e ferro. Para viabilizar a construção, Sérgio Prado conta com o apoio do arquiteto Valdir Gimenes, inventor da máquina que mói e prensa o plástico, deixando-o apto para formação dos tijolos ou, como apelidaram, da “madeira sintética”. Outros produtos, como embalagens metalizadas e isopor, também são usados no processo. A casa é resistente ao fogo e a cupins e suas paredes permitem a colocação de azulejos.
O brasileiro produz uma média de quatro a cinco quilos de plástico por mês, o que equivale a 680 mil toneladas produzidas por 170 milhões de pessoas e permitiria construir mensalmente 116 mil casas. Seriam solucionados problemas como habitação, alimentação, desmatamento e lixo.
“A casa-alimento ajuda a combater as enchentes, reduzir o gasto de eletricidade e a aumentar a disponibilidade de alimentos. Ela não depende do Banco Mundial, não depende de recursos – depende apenas de vontade política para ser realizada. O Brasil cria um projeto mundial, em especial para os países tropicais e subtropicais, que têm excesso de lixo plástico e populações sem casa e alimentos. Usa-se a maior mídia do mundo, o ícone da globalização, que é o plástico, num projeto de auto-sustentabilidade”, explica Sérgio Prado, que também é membro e diretor do grupo ambientalista Curadores da Terra.
Em parceria com o senador Carlos Bezerra, o grupo criou o projeto de lei federal 269 de 1999, que já foi aprovado pelo Senado, restando a votação final na Câmara dos Deputados e a sanção do presidente da República. O projeto de lei determina que nos rótulos das embalagens devem figurar as informações e instruções de reaproveitamento e a proibição de ser jogada fora ou no lixo. Caso a proibição seja sancionada, os Curadores da Terra já possuem um projeto de implantação de “EcoPontos”, que seriam coletores de plástico pela cidades.
O que possibilita a plantação nos tetos é a propriedade do plástico de funcionar como xaxim, permitindo o desenvolvimento de plantas alimentares como tomate, berinjela, cebola, chuchu, verduras, legumes, feijão, arroz, por exemplo, e todos os tipos de fruta, maracujá, morango, amoras. Só não funciona com tubérculos – batata, mandioca e beterraba. As plantações nos tetos poderiam trazer alimentos, amenizar o calor com a concentração de água e evitar incêndios. Não precisa de jardinagem, devido ao sistema de reaproveitamento da água da chuva contido no projeto também.Os Curadores da Terra possuem showroom das casas na cidade de São Paulo, origem do grupo. Informações detalhadas do projeto e do grupo podem ser obtidas através do endereço http://www.curadoresdaterra.com.br/ .

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